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8 de Março

Todos os dias, no contacto com as pessoas, na televisão e nos jornais tomamos conhecimento dos imensos casos de violência exercida sobre as mulheres. Hoje optei por falar-vos de uma temática particular, mas não menos importante, a Violência Obstétrica. Considerada uma "forma específica da violência de género, é tida em conta quando ocorre durante o período da gestação, do parto e do pós-parto, incluindo a assistência ao aborto".

Após efetuar algumas pesquisas, rapidamente encontrei vários estudos recentes que nos remetem para este grave problema que infelizmente ainda se verifica nos mais diversos serviços de saúde dos países ditos desenvolvidos. Esta modalidade de violência caracteriza-se também "pela apropriação do corpo e dos processos reprodutivos da mulher pelos profissionais de saúde, mediante um tratamento desumano e abuso de medicação causando a perda de autonomia da parturiente e da sua capacidade de decidir livremente sobre seu corpo e sexualidade", o que pode culminar em consequências graves para a qualidade de vida das mulheres.

Ao ler estes artigos deparei-me com alguns depoimentos de mulheres referindo a falta de informação face a determinadas práticas dos profissionais, tidas como abusivas e desnecessárias em alguns casos, passando a citar:

- Excessivos Toques Vaginais

“Bastantes, muito mais que 10, fizeram médicos seguindo estudantes”.

- Manobra de Kristeller


"A compressão abdominal [Manobra de Kristeller] foi tão brutal ao ponto de me fraturarem o esterno.";

- Episiotomia desnecessária?

"Apesar de eu ter dito que estava bem e que não tinha pressa para o bebé nascer, foi feita a episiotomia claramente para acelerar o processo.";

- Falta de informação

“Levou-me a sentimentos de revolta que me levaram à procura de informação e à certificação de que nunca mais voltaria a ser tratada daquela forma.”

“Creio que não tinha noção do que podem ou não fazer com a nossa autorização.”

- Violência Psicológica

"A médica mandou-me parar de gemer, pois era um momento mágico e eu estava a torná-lo sofrido, passando o sofrimento para quem estava perto de mim.";

A enfermeira disse: "você faz escândalo, chora, faz barulho. No primeiro você nem fez isso.";

"Não precisa gritar alto, é só fazer força". Quando eu disse que ia desmaiar: "pode desmaiar, só não pare de fazer força.".

Outros artigos revelam ainda outras práticas, tais como:

- recusa de admissão nos hospitais ou maternidades;

- impedimento da entrada do acompanhante escolhido pela mulher;

- aplicação de soro com ocitocina para acelerar o trabalho de parto;

- restrição da posição do parto;

- impedir ou retardar o contato do bebé com a mulher logo após o trabalho de parto.

Muito mais haveria a abordar acerca desta temática, mas quero sobretudo com este Post relembrar-vos e dar-vos a conhecer este grave problema pois infelizmente ele ainda existe e afeta, um pouco por todo o mundo, as Mulheres. O nascimento de uma criança ou mesmo a infelicidade da sua perda requer as mais dotadas e sofisticadas ações por parte dos profissionais de saúde pois tratam-se de momentos marcantes para vida de uma mulher e sua família que podem, futuramente, deixar marcas irreversíveis.


Deixo-vos algumas dicas importantes e a não esquecer:

- Faça o Planeamento do Parto de forma informada e devidamente esclarecida;

- Conheça os seus direitos e procure atualizar-se sobre as boas práticas baseadas em evidências científicas;

- Saiba que todas as Mulheres têm direito á informação, consentimento informado ou recusa informada e respeito pelas suas escolhas e preferências;

-Tenha coragem para denunciar os episódios de violência e más práticas de saúde pois está a ajudar-se a si e a futuras mães;




Referências bibliográficas:
Rohde (2016). A Outra Dor do Parto: Género, Relações de Poder e Violência Obstétrica na Assistência Hospitalar ao Parto. Acedido em fevereiro 27, 2019, em: https://run.unl.pt/handle/10362/20395

Carvolho, I. e Brito, R. (2017). Formas de violência obstétrica vivenciadas por puérperas que tiveram parto normal. Acedido em fevereiro 25, 2019, em: http://scielo.isciii.es/pdf/eg/v16n47/pt_1695-6141-eg-16-47-00071.pdf

Sauaia, A. e Serra, M. (2016). UMA DOR ALÉM DO PARTO: VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA EM FOCO. Acedido em fevereiro 27, 2019, em: http://indexlaw.org/index.php/revistadhe/article/view/1076


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